Os efeitos da hipersexualização e do individualismo nas classes dominantes
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Os efeitos da hipersexualização e do individualismo nas classes dominantes
"Estávamos habituados a dois princípios: um expresso por um saboroso ditado siciliano, “megghiu cumannari c'a fottiri”, o qual, traduzido de modo pudico, daria “melhor comandar que fornicar”; o outro dizia que quando homens de poder queriam manter relações sexuais, pensavam na condessa de Castiglione, em Mata Hari, em Sarah Bernhardt ou em Marilyn Monroe.
Hoje, causa espécie o fato de que muitos homens políticos ou de negócios não se deixam corromper tanto por interesses escusos no caso do canal do Panamá, mas antes por serviços de profissionais certamente capazes, mas cujos préstimos não custam mais de mil euros por seção – o que é muito para um trabalhador precário, mas muito menos do que custava a Pompadour em sua época. E que, se seus gostos são outros, não pensem mais no refinado Alcebíades, mas num transexual marcado por muitas idas e vindas pelos becos do porto de Pireu.
E mais: parece que muitos deles tentam ocupar posições de comando, não porque as considerem melhores do que as posições, mas com o objetivo primário de experimentar inéditas posições sexuais. E atenção: não é que os poderosos de outrora fossem insensíveis aos prazeres da carne. Certamente De Gasperi ou Berlinguer estavam habituados a outra austeridade, Togliatti ousou no máximo um divórcio e se uma menor de idade o chamasse de “papi” seria porque ele a tinha adotado. Mas Júlio César se entretinha indiferentemente com centuriões, patrícias romanas e rainhas do Egito e o Rei Sol tinha favoritas aos montes. Vittorio Emanuele II cultivava a bela Rosina e sobre Kennedy é melhor nem falar. Contudo, todos estes grandes homens pareciam considerar a mulher (ou o efebo) o repouso do guerreiro, isto é, antes de tudo era preciso conquistar a Báctria, humilhar Vercingetórix, triunfar dos Alpes às Pirâmides, realizar a unificação da Itália: o sexo era aquele algo a mais, como um Martini straight up depois de um dia cansativo.
Os poderosos de hoje parecem almejar, ao contrário, uma noitada à base de vedetes em primeira instância e ao diabo as grandes empresas ou a Grande Empresa.
É que os heróis do passado se excitavam lendo Plutarco, enquanto os de hoje se masturbam diante dos canais alternativos depois da meia-noite ou navegam excitados on-line. Fui à internet e busquei Padre Pio: 1.400.000 sites. Nada mal. Jesus: 4.830.000 sites – o Nazareno ainda leva vantagem sobre o santo de Pietrelcina. Depois teclei “pornô” e topei com 130.000.000 (repito, 130 milhões) de sites. Pensando que “pornô” era bem mais genérico que Jesus, resolvi comparar com religião: religião tem pouco mais de 9 milhões de sites, certamente mais que o dobro de Jesus, o que me parece politicamente correto, mas pouquíssimo em comparação com “pornô”.
O que encontramos nos 130 milhões de porn sites? Entre as várias opções, encontramos Anal, Asiatic, Latino, Fetichism, Orgy, Bisexual, Cunnilingus, German (sic), Lesbian, Masturbation, Voyeur (onde se espiona alguém que espiona um conúbio carnal) e depois as várias formas de incesto, pai com filha, irmão com irmã, mãe e filho, pai, mãe, filho e filha todos juntos, madrinha e afilhado, mas também neto e avó (granny) e MILF, que significa (ver Wikipédia) mother I'd like to fuck, ou seja, o tipo de mãezinha com quem você gostaria de estar, em geral atraentes senhoras entre os 30 e os 45 anos (imaginem que Balzac deu à sua história sobre o declínio feminino o título de A mulher de trinta anos).
Ora, a pornografia pode desafogar aqueles que por algum motivo não podem fazer sexo ao vivo ou sugerir a um casal um pouco entediado alguns modos de animar a relação (e neste sentido tem uma função positiva), mas pode também excitar a fantasia de pessoas reprimidas, levando-as mais tarde a desafogar seus instintos através do estupro, do assédio, do engano. Além disso, a pornografia tenta convencer que uma escort de mil euros pode fazer coisas que nem mesmo Frineia seria capaz de conceber.
Mas não se trata apenas dos 30% de italianos que frequentam a internet; os outros 70% podem desfrutar na telinha da TV de visões dez vezes mais convidativas, daquelas que, nos anos 1940, só os comentadores milanesas podiam desfrutar, a preços altíssimos e só uma vez por ano, quando iam ver Wanda Osiris. Hoje, uma pessoa normal é provocada pelo sexo em medida bem maior do que acontecia com seu avô. Pensem num pobre pároco: outrora, via apenas a criada e só lia o Osservatore Romano, hoje vê meninas de pernas de fora rebolando diante dele todas as noites. E depois dizem que alguém se torna pedófilo.
Por que não pensar que esta constante solicitação do desejo não esteja atuando sobre os responsáveis pela coisa pública, provocando uma mutação da espécie e mudando as próprias finalidades de seu agir social?"
Hoje, causa espécie o fato de que muitos homens políticos ou de negócios não se deixam corromper tanto por interesses escusos no caso do canal do Panamá, mas antes por serviços de profissionais certamente capazes, mas cujos préstimos não custam mais de mil euros por seção – o que é muito para um trabalhador precário, mas muito menos do que custava a Pompadour em sua época. E que, se seus gostos são outros, não pensem mais no refinado Alcebíades, mas num transexual marcado por muitas idas e vindas pelos becos do porto de Pireu.
E mais: parece que muitos deles tentam ocupar posições de comando, não porque as considerem melhores do que as posições, mas com o objetivo primário de experimentar inéditas posições sexuais. E atenção: não é que os poderosos de outrora fossem insensíveis aos prazeres da carne. Certamente De Gasperi ou Berlinguer estavam habituados a outra austeridade, Togliatti ousou no máximo um divórcio e se uma menor de idade o chamasse de “papi” seria porque ele a tinha adotado. Mas Júlio César se entretinha indiferentemente com centuriões, patrícias romanas e rainhas do Egito e o Rei Sol tinha favoritas aos montes. Vittorio Emanuele II cultivava a bela Rosina e sobre Kennedy é melhor nem falar. Contudo, todos estes grandes homens pareciam considerar a mulher (ou o efebo) o repouso do guerreiro, isto é, antes de tudo era preciso conquistar a Báctria, humilhar Vercingetórix, triunfar dos Alpes às Pirâmides, realizar a unificação da Itália: o sexo era aquele algo a mais, como um Martini straight up depois de um dia cansativo.
Os poderosos de hoje parecem almejar, ao contrário, uma noitada à base de vedetes em primeira instância e ao diabo as grandes empresas ou a Grande Empresa.
É que os heróis do passado se excitavam lendo Plutarco, enquanto os de hoje se masturbam diante dos canais alternativos depois da meia-noite ou navegam excitados on-line. Fui à internet e busquei Padre Pio: 1.400.000 sites. Nada mal. Jesus: 4.830.000 sites – o Nazareno ainda leva vantagem sobre o santo de Pietrelcina. Depois teclei “pornô” e topei com 130.000.000 (repito, 130 milhões) de sites. Pensando que “pornô” era bem mais genérico que Jesus, resolvi comparar com religião: religião tem pouco mais de 9 milhões de sites, certamente mais que o dobro de Jesus, o que me parece politicamente correto, mas pouquíssimo em comparação com “pornô”.
O que encontramos nos 130 milhões de porn sites? Entre as várias opções, encontramos Anal, Asiatic, Latino, Fetichism, Orgy, Bisexual, Cunnilingus, German (sic), Lesbian, Masturbation, Voyeur (onde se espiona alguém que espiona um conúbio carnal) e depois as várias formas de incesto, pai com filha, irmão com irmã, mãe e filho, pai, mãe, filho e filha todos juntos, madrinha e afilhado, mas também neto e avó (granny) e MILF, que significa (ver Wikipédia) mother I'd like to fuck, ou seja, o tipo de mãezinha com quem você gostaria de estar, em geral atraentes senhoras entre os 30 e os 45 anos (imaginem que Balzac deu à sua história sobre o declínio feminino o título de A mulher de trinta anos).
Ora, a pornografia pode desafogar aqueles que por algum motivo não podem fazer sexo ao vivo ou sugerir a um casal um pouco entediado alguns modos de animar a relação (e neste sentido tem uma função positiva), mas pode também excitar a fantasia de pessoas reprimidas, levando-as mais tarde a desafogar seus instintos através do estupro, do assédio, do engano. Além disso, a pornografia tenta convencer que uma escort de mil euros pode fazer coisas que nem mesmo Frineia seria capaz de conceber.
Mas não se trata apenas dos 30% de italianos que frequentam a internet; os outros 70% podem desfrutar na telinha da TV de visões dez vezes mais convidativas, daquelas que, nos anos 1940, só os comentadores milanesas podiam desfrutar, a preços altíssimos e só uma vez por ano, quando iam ver Wanda Osiris. Hoje, uma pessoa normal é provocada pelo sexo em medida bem maior do que acontecia com seu avô. Pensem num pobre pároco: outrora, via apenas a criada e só lia o Osservatore Romano, hoje vê meninas de pernas de fora rebolando diante dele todas as noites. E depois dizem que alguém se torna pedófilo.
Por que não pensar que esta constante solicitação do desejo não esteja atuando sobre os responsáveis pela coisa pública, provocando uma mutação da espécie e mudando as próprias finalidades de seu agir social?"
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